Ideias construídas pela sociedade, são construções sociais. E a virgindade, sim, é uma construção social.
Não é um termo médico, científico ou biológico. Ela é um mito, e para falar a verdade, um mito totalmente prejudicial e embaraçoso, principalmente às pessoas com vagina, mas afeta também pessoas com pênis, afinal…
Quem nunca ouviu uma pessoa com pênis ser pressionada ou ridicularizada por ser “o último virgem da galera”?
Porém, um spoiler antes de começar o post é: perder a virgindade não é pênis na vagina com rompimento de hímen, pois ela nem ao menos existe de verdade.
Quer saber como, por que e o que ela é de fato? Vem que eu te explico!
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A ideia de virgindade é baseada no patriarcado, e não um termo médico real
Virgindade. Esse é um termo evitado por muitas pessoas, aquelas que por algum motivo ainda não transaram, sabe-se lá por quais razões, pois elas não são da nossa conta.
Ou pelo menos, não deveriam ser, mas a realidade é outra.
Quanto mais os anos da adolescência se passam, mais a virgindade se torna um rito de passagem obrigatório e parece ter tempo de validade para tirá-la.
Pessoas com vulva e com pênis sentem essa construção social de formas diferentes
Para quem tem vulva, principalmente para mulheres cis gênero, é um estímulo: “vai logo, homem precisa disso, você tem que dar isso a eles, senão sai perdendo… Vai doer, vai sangrar, mas é assim mesmo! Ficar só nos beijos não tem graça, dê esse presente, eles vão gostar mais de você.”
Para quem tem pênis, principalmente homens cis gênero, é uma pressão: “ainda não perdeu? Que cabaço! Você é homem ou não é? Com essa idade e não comeu ninguém? Deve ser viado! Se é virgem, tem que mentir que já fez, senão não pega bem.”
E por aí vai. Nenhum lado está totalmente salvo, mas o patriarcado, sobre a virgindade ser uma construção social, venceu.
O termo que ultrapassou as barreiras sociais
Se a pessoa com vulva vai ao ginecologista, principalmente se for um homem, ele não a examina totalmente nua, e tocar em sua região íntima? Jamais!
Só depois de dar. Mas por quê?
Porque elas podem sentir dor, porque ela ainda é pura, guardada, e apenas quando transar com o primeiro, os outros terão o “privilégio” de tocá-la, mesmo que isso custe sua saúde.
Então, apesar da virgindade ser construção social, até mesmo a medicina se apropriou dela de forma errônea e injustificável.
A virgindade é um mito, pois só se baseia em mitos
Sexo é só pênis na xota
Da série: todas as lésbicas do mundo são virgens. E sobre pênis que transa com pênis, ainda nem inventaram um termo pra esse povo, tadinhos.
“Virgem de buceta”, talvez? Péssimo, né?!
O sexo não é só pênis na vagina, ele é muito mais. Ou seja, se ele não é só isso, a “virgindade” também não é.
Para a mulher, tem que sangrar e doer
Outra falácia que prejudica as pessoas com vulva, é achar que ao perder a virgindade, o ato precisa doer e sangrar. Caso contrário, não perdeu direito (como se isso fosse possível).
Um exemplo: se a pessoa falar que nem doeu tanto assim, ou que não sangrou, alguém vai desmerecê-la e dizer que talvez ela não perdeu de verdade.
Afinal, quando o hímen rompe, isso machuca e tem que doer. Outra mentira…
Tudo o que vem antes da penetração é preliminar
A penetração como perda da virgindade é tão forte que só é considerado sexo se tiver algo penetrando alguma coisa quando, na verdade isso é uma besteira.
Sendo assim, você sabia que oral é sexo de fato, e não uma preliminar?
Além disso, duas pessoas com vulva podem tranquilamente passar uma vida inteira sem penetração e ainda, sim, fazerem muito sexo.
Precisa romper o hímen para perder a virgindade
O fato é que ele nunca se perde 100%.
Portanto, tem sempre alguma parte dele que fica ali. Por isso, tê-lo não pode ser considerado ser ou ser não virgem.
No fim, essa parte do corpo está por ali e é interferida pela penetração de qualquer coisa que esteja por perto, seja pênis, mãos, vibradores, tudo.
Desse modo, caso ele se rompa por um o.b, vão dizer que a pessoa com vulva perdeu a virgindade por um absorvente?
Isso já cai por terra o argumento virgindade x hímen, e mais uma vez, vemos que a virgindade é construção social.
O rompimento que realmente deve ser feito: é o mito do hímen
Nesse caso, a virgindade como construção social é tão forte, que chega a torturar e a matar mulheres.
Isso porque, em muitas partes do mundo, aquelas que devem se casar virgem, mas não sangram na primeira vez com o marido, são consideradas traidoras, impuras e infiéis.
E por um mito ridículo, isso às vezes custa suas próprias vidas e integridade física, pois são humilhadas, torturadas e até mortas.
A verdade é que ele pode esticar, lubrificar, não romper ou romper em situações além do sexo. Além disso, medir uma pessoa ou um ato por conta dele, é uma merd@.
E eu nem vou me desculpar pelo palavrão.
Alguns tipos de hímen, aquela parte exaltada na virgindade da construção social
Anular (o mais comum)
O mais comum, tem formato de anel e permite com que fluidos passem por ele normalmente. Quando estimulados, se rompem normalmente.
Imperfurado (raro)
Já esse, não possui nenhum tipo de abertura, e por isso as pessoas com ele não menstruam ou têm secreções. Porém, são casos bem raros.
Complacente (elástico)
Esse tipo é o terror da virgindade como construção social, pois ele é flexível, e em alguns, é tão elástico que pode nunca se romper.
Em outros, ele se abre conforme a pessoa tem relações sexuais, mas nunca se rompe totalmente desde a primeira vez. Na verdade, até pode começar a se romper apenas depois de muitas penetrações.
Para os tradicionalistas, isso seria perder a virgindade aos poucos? Bobagem, né!
Cribiforme
Nesse caso, o hímen tem vários furinhos bem pequenos ao invés de um só. Os fluidos passam normalmente através deles.
Septado
Já nesse, a região tem uma faixa de tecido na região central e apresenta duas aberturas.
Mas afinal, o que é considerado sexo além da virgindade como construção social?
Tudo. A penetração talvez seja a parte mais importante para muitas pessoas com pênis, mas ela está longe de ser o único sexo existente e gostoso.
Quando se está com a parceria, oral é sexo. Masturbação é sexo. Um beijo é considerado sexo, se for nesses momentos e com essa intenção.
Mas calma, nem todo beijo é sexo, mas se junto com ele tiveram contatos mais íntimos, sem roupa, mãozinhas amigas, chupadas, mesmo sem penetrar… Sim, isso é uma transa! Simples assim.
E a preliminar, onde fica?
Bom, as preliminares são os momentos que antecedem a relação sexual, aquilo que deixa as pessoas excitadas e com vontade de transar.
Conversas, mensagens, carinhos e todas as coisas que estimulam as parcerias, podem sim ser consideradas preliminares.
Ou seja, elas não acontecem apenas 3 minutos antes da penetração, só pra tentar lubrificar e acabou. Não!
Ela é a construção que leva duas pessoas ao ato sexual, a vontade desse ato em si.
Ser virgem ou não ser: eis a questão
Apesar da virgindade ser sim uma construção social, esse termo existe e vai continuar sendo usado.
Porém, agora você já sabe que o sexo vai muito além de penetração entre uma pessoa com vagina e outra com pênis.
E que o hímen é só mais uma parte do corpo e não uma cancela de entrada e saída pro mundo dos transantes.
Além do mais, a primeira relação sexual não é uma perda. É o início de um novo conhecimento e a abertura de novas experiências.
Ninguém tira isso de você, como querem que a virgindade seja tirada!
Bônus pra quem ficou até o final
Ainda tem dúvidas sobre termos relacionados ao sexo? Conheça nosso ABC do Sexo.
Além disso temos vários posts sobre educação sexual por aqui e também em nossas redes sociais.
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